SABOR DE MABOQUE - NDAPANDULA MAMA ÁFRICA

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sábado, 9 de janeiro de 2010

Parque Ecológico





Entre a minha casa e o meu trabalho há apenas o Parque Ecológico, com seus 2.850.000m², dos quais 1.100.000 são abertos aos publico e seu antigo e imponente casarão em estilo colonial, construído por escravos e sempre nos fazendo lembrar as glórias da centenária fazenda de café Mato Dentro.
Atravessá-lo logo ao alvorecer, com o frescor matinal a lavar o rosto, as corujas a recolherem-se, os quero-quero a saltitarem bem pertinho, as galinhas d’Angola se esquivando ariscas à aproximação dos meus passos, os bem-te-vi a cortejarem-me do cimo das árvores e as lerdas capivaras se espojando na beirada do grande lago, lota-me de energia, da sensação que o dia será esplendoroso e é por isso que há mais de dez anos, embora com curtos períodos de interrupção, tento manter essa rotina diária.
Faz parte dessa caminhada, uma volta em torno do lago e sua mini ilha, onde cruzo com várias espécies de galinhas, patos, pavões e gansos.
Talvez por ter presenciado quando ainda era criança, um ganso roubar os fundilhos das calças de um idoso, nem o coaxar das rãs que em determinadas épocas do ano atinge fortes decibéis, nem o coral dos galos anunciando o começo do dia, me faz passar despercebido o grasnar dos gansos quando passo perto deles.
Embora não seja fã de livros de auto ajuda, pude comprovar a máxima de muitos deles, nesta ultima sexta feira, quando confirmei a força do pensamento repetitivo ao passar perto dos gansos e de sua habitual esticada de pescoço em minha direção e percebi que o grasnar de pelo menos um deles continuava me acompanhando.
Já era tarde, quando olhei para trás e um deles de asas e bico abertos e em processo de decolagem não abortável, estava a poucos centímetros de mim e ao alcance de minha panturrilha e só não foi como a lembrança de minha infância porque minha reação de fuga foi instantânea não permitindo que ele atingisse o alvo planejado.
Quando me sentei às gargalhadas, no primeiro banco disponível do parque, ainda sob as perguntas de um atencioso guarda, que questionava sem parar, mesmo entre contidos e inevitáveis sorrisos, se estava tudo bem comigo, notei que pela primeira vez em anos eu usava uma legging branca e quase pedi desculpas ao ganso pela confusão visual que lhe devo ter causado e pelos solavancos que lhe imprimi enquanto me desenvencilhava dele.
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33 comentários:

  1. Ser bem dotada, nem sempre é vantajoso...rsrsrsr!
    beijos
    Fer

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  2. Dulce,
    paisagem que me transporta à infância, às fazendas enormes na região onde meu pai vivia naquela Angola maravilhosa e onde a paz era uma constante, hoje, esses tempos são de uma memória e de uma recordação doirada, foram o molde e o barro da nossa busca incessante de paz, daquela paz daqueles dias que nos é grata e está no intimo...e um carinho especial a esse ganso que te quis morder as pernocas, ele lá sabe porquê :-)))

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  3. Aqueles casarões estilo colonial são lindíssimos!
    Imagino o ranger das madeiras sob os meus pés ao passear neles!

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  4. Sabe ua coisa? Saio daqui roído de inveja, pronto!
    Boa semana nessas paragens paradisíacas.

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  5. Xinha,
    os do Manuel da Ponte guardavam-lhe as filhas e as filhas do alfaiate inclusve a Elvira, a Albina, a albina a quem a professora Ester batia por ser míope. Parece que todo o sarará é albino e todo o albino além de aversão e insiste em ler com o nariz.
    Flip,
    & demais fãs da democracia representativa.
    O responsável deste parque, funcionário público desde que os cachos são cachos, militante do PSDB do governador do estado, sob tutela de um fã de Lula na chefia municipal de Campinas, há mais de dois anos deixa tabelas de bola ao cesto apodrecerem sem que as substitua. Estará ele fazendo isso por desleixo ou a mando velado do governador Serra, meu lamentável ex-professor, para evitar repartir louros com uma liderança que me surpreende positivamente: - nem tanto por ter mantido fidelidade a Lula, o dono dos porcos efetivamente, mas por estar a cidade realmente bem cuidada.
    As tabelas esperam por voluntariado, presumo.
    Como pegou essa moda que se aproveitar de quem ainda teme deus, de convencer pela piedade um cidadão a fazer as vezes do estado, sentirmo-nos o verdadeiro ditador negro em gozos de poder no filme Terra Queimada. E saber que foi FHC o percursor do BÉNÉVOLAT no Brasil, depois ter conhecido D. Ruth nas ruas do Maio/68 e em tendo chegado a porco mor.
    Sou Homem.
    E se fui macho, podes deletar, Dulce.
    Deletar,?, só no caso de ter sido machista.

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  6. É o que dá viveres em cenários lindos. Quando eu for grande também quero ter espaço em frente à casa para andar dez quilómetros pela verdura. E mesmo correndo o risco de ser assediado por uma gansa, pata ou mesmo alguma emproada pavoa, acho que vale o propósito.
    Hoje de manhã, por exemplo, acordei cheio de entusiasmo... mas depois desisti. Percebi que só tinha legging da cor das fardas dos funcionários de limpeza das ruas (aqui chamam-se "almeidas", mesmo que Sousas, Ferreiras ou Antunes de nome) o que me fez desistir. Imaginei-me a ser gansolado por um ucraniano de 1,95, cheio de músculos, barba amarela de três dias e tatuagem nos antebraços. Quiçá, pertencendo mesmo a alguma máfia esconsa. Desisti, está bem de ver. Tomei mais um café e outra torrada e afastei a nobre intenção de ir andar 500 metros :))))

    E.T. Consordo em absoluto com o mfc. Aquele casarão é lindíssimo!

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  7. Que inveja, Dulce!
    (e eu sempre a tentar olhar para o casario que me cerca, fugindo dos automóveis que me rodeiam, quando ando nas minhas andanças casa-trabalho-escolas...)

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  8. Acho que o Espumante d'Espumadamente conhece a professora D. Ester de Almeida, do Chinducuto. Foi no aniversário do filho dela meu primeiro porre, lá pelos sete. Porre de gasosa. Canada Dry. Se houvesse almeidas pra limpar calçadas na Nhareia, eu tinha lhes dado um trabalho.
    O segundo porre foi em Silva Porto, lá pelos quinze. Pra poupar trabalho a almeidas sujei o jardim do Dr Mesquita Tavares, sem que sua filha tivesse passado a me olhar com outros olhos. O terceiro foi na primeira festa fantasia há trinta e quatro anos sem saber até hoje quem me achou nem como o ónibus me trouxe de volta. O último foi Sábado num baile magnífico por convite duma lindeza que acaba de me confirmar ter gostado da minha companhia. Ela, suas amigas e Ela, mas Ela sobretudo inspirou-me a dançar como nunca.
    Devidamente estabelecido o ciúme como estratégia e depois de ver que a estratégia do ciúme tinha colado ao servir-me de três negros contra um branco, um Angolano e dois Nigérianos ofendidos por julgá-los meus conterrâneos, contra, um dito Chileno se é que se pode fiar num sotaque espanhol, assim garantida a exploração de quem por Pavlov aprendeu a servir, sobrou vinho bom, pró-sêco só pra mim, canapés divinos, pasteis de bacalhau com alma de colonizado à falta da alma universal, d'entre todos a ressaltar uma rodelinha de manga sobre um pão, e, é claro, uma francesíssima...pra lá de creme de castanhas que só pedem vinho.
    A meio do caminho tive que ir tomar ar, num lindo espaço isolado de eventuais almeidas. Um agora visível, daqueles almeidas boa pinta que varrem o sambódromo sem serem vistos, salvar-me-ia da baixaria que este último porre anunciava. E ali, todos engravatados, já devidamente bem-sentado num banco dos jardins ao lado do portal majestoso onde duas participantes fumavam, um tipo de desses de 1,95m fez-se estranhamente de surdo a minhas manifestações de exaltação a Heloísa Helena.
    Era uma bichona. E eu estava sendo assediado.
    Voltei para rodopiar ...deixa a vida me levar, vida leva eu... por entre três mulheres inspiradoras.
    E ainda há gente que acredita em dependência?
    D. Ester teria já tido cirrose hepática.

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  9. Fer
    Inveja é um sentimento muito feinho!!:))))
    Bjs

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  10. Flip
    Me deixou feliz saber que te raptei para lembranças tão agradáveis...já o ganso...bom agora passo por ele... tipo "um olho no peixe e o outro no gato"...sabe como é?!?!

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  11. mfc
    E as tábuas do chão são de madeira de lei, as janelas de pinho de Riga e as paredes de taipa!:))

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  12. Carlos
    Fica assim não !!!
    Os seus rochedos são um desbunde!:))

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  13. Faz tempo que não vais ao Parque...as tabelas estão novinhas e as quadras (todas!!!) reformadas e pintadas!;)))))

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  14. Espumante
    Qdo eu for grande quero ter um cenário igual ao que já tenho na fente e um mar nas costas...será que é pedir demais?
    Sinto te dizer, mas de legging só levarias cantadas de gansos, patos e pavões e o ucraniano não poderia ser recriminado por te gansolar!:)))

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  15. Fugidia
    Essa cidade é MA...RA...VI...LHO...SA...!!!!!
    Estou com tanta saudade que este ano não me escapa... Bjs

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  16. Sério?
    Ui, nesse caso tem de avisar, que vai haver festança!
    :-)))

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  17. Xinha,
    lá pelo ecológico há quem passeie, há quem dance em cada manhã de cada último domingo a cada mês, há quem corte a grama, há quem nos guarde, até já vi quem estivesse a casssar canarinhos da terra, há quem se exercite e quem jogue. Entre aqueles que jogam há quem faça isso a olhar para o chão e aqueles que o fazem a olhar para o céu.
    Até ir para os Maristas nunca tinha ouvido ninguém falar "bola ao cesto".
    Presumo que só se joga futebol, por enquanto, nas cinco quadras poliesportivas de facto pintadas, em meio a muito capim alto ao redor a denunciar frequencia reduzida. Mas aqui, a chuva responsabiliza-se tanto pelo capim alto como por parte da frequência reduzida.
    Dia 01 e 02/Janeiro/2010, o prazer de conferir aviões a passar perto do sol entre as sete e as nove horas foi maior que tentar acertar o único aro, nu, numa única tabela entre as oito podres e de aros trémulos ou ausentes.
    Dulce.
    Sabes que será da Arlindo Jóias & Presentes em caso de assalto, como a Bola de Mel que fica em frente da Arlindo Jóias assaltada foi por mais de 20 vezes em dez anos? Passará a sua razão social a Arlindo Jóias Ausentes.
    Coisa de Buteco!!!!!

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  18. Acho que fostes lá depois de uma festa igual à do ultimo final de semana!! :))) Até os gols das quadras de futebol de salão estão todos com redes novinhas e a grama cortadinha!!
    bjs

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  19. Ao amanhecer do dia 01 tinha esgotado a noite na companhia de Xandra.
    Ao amanhecer do dia 02 a Xandra tinha feito esgotar-se a noite sem que eu tivesse percebido que tinha se instalado o dia.

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  20. Oi...aqui estou...voltei lá de PRAGA...com muito frio e neve...mas sem "porre"...

    Jéjé percebi quase tudo...quase...mas lembrei a Dª Ester o CHinducuto...o Betinho e os gansos do Manuel da Ponte...BOA!!
    beijão aos dois e BOM 2010.
    Midá

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  21. E as fotos.
    Graças ao Chiducuto passei o melhor ano da minha infância em Benguela.
    Graças ao Manuel da Ponte, uma tarde lá fundo da pista do aéroporto
    Graças a fotos e maboques nem imaginas a Praga a fazer-se pegar por cá. E já vai pra mais de quinze noites que vejo o dia amanhecer.

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  22. Viver em paraísos assim tem esses efeitos. Bjos

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  23. Alexandra
    Os efeitos do paraíso !?!?! :))
    bjs

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  24. Até nos gansos, Dulce, até nos gansos! Bjos

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  25. "Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente pelo senhor irmão Sol que clareia o dia e com sua luz nos alumia. Ele é belo e radiante e comgrande esplendor; de ti, Altíssimo, é imagem". (S.Francisco de Assis)

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  26. Amén...Anônimo
    Adorei sua homenagem ao Sol!

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  27. Eu estou ansiosa para comprar este livro. Tenho a certeza que vai ser um grande êxito....estava no serviço quando recebi da Sofia minha amiga e ex colega de colégio esta indicação sobre o " LIVRO ", claro que não contive ...e a minha amiga MIDÁ tb anda por aqui......Curioso!!
    Amiga vou concerteza poder dizer algo mais sobre este livro, mas, primeiro tenho que o conseguir comprar!!!PARABÉNS!!

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  28. Maria de Lourdes
    Manda-me um emai (dulce@mpcnet.com.br), com certeza nós estudamos juntas. Quero te ver! Quarta feira embarco para Portugal. Dia 11 às 18:00h estarei na Feira do Livro de Lisboa, falando sobre o livro e autografando. Quero muito te ver!

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