GPS

Se por um lado dirigindo um carro, sempre consegui chegar onde me propunha com um simples mapa de companheiro e não são raras as vezes que por razões profissionais tenho que me deslocar a bairros remotos da periferia de Campinas e outras cidades da região metropolitana, por outro fiquei tentada a ser menos “jurássica” e usar o GPS.
Logo eu que há pouco mais de 8 anos jurava que nunca iria usar um celular e arriscava os primeiros ensaios no PC mandando e recebendo emails, pela única razão de ter uma filha morando fora do Brasil e que se negava a mandar-me essa “coisa” chamada carta.
Mas filho é assim e fazer esquecer as horas de dor durante o trabalho de parto com um pequeno primeiro esboço de sorriso é só o comecinho da infinidade de concessões e transformações que provocam em nós.
Digo isso porque minha filha mudou de cidade e embora me desloque com facilidade para e em qualquer cidade, tenho algum tipo de bloqueio com São Paulo, o mais novo “cantinho” dela.
Talvez pelo tamanho, ou porque não conheço quase nada daquela mega metrópole ou ainda porque sempre que perco a rota demoro horas para chegar ao ponto onde me extraviei ou trauma porque ter há alguns anos atrás ficado ilhada numa enchente até quase o sol raiar enquanto esperava o rio Tietê voltar para o seu leito e desocupar a avenida por onde eu e mais algumas centenas de outros ocupantes de veículos, precisávamos passar para sair da capital do estado.
Disposta a enfrentar esse bicho papão, muni-me de um GPS e para não testá-lo, assim logo de caras no meu “calcanhar de Aquiles”, resolvi começar a usá-lo esta semana em rotas que faço diariamente.
Nos primeiros cinco minutos, já me irritei, porque o tal do GPS falou alguma coisa bem na hora que eu queria escutar o nome da musica que tinha acabado de tocar no rádio. Bloqueei com certo sadismo a voz metálica e soluçada, mas só depois percebi que não enxergava bem aquela mosquinha que andava na tela indicando ser o meu carro em movimento.
Pensei em desligar tudo, desgrudar aquela ventosa do pára-brisas e jogar aquela geringonça no porta luvas...mas e São Paulo? E as vezes que eu quisesse ir visitar minha filha?
Mas será que eu ia conseguir mexer com aquela coisa?
Logo eu que me juntei ao coro de mais uns trinta colegas de classe na universidade para gargalharmos, quando em 1978 na frente de um computador moderníssimo que ocupava todas as paredes de uma sala de aproximadamente 20 metros quadrados, o professor afirmou que ainda viveríamos, para ver quase todas as residências do Brasil com pelo menos um computador.
Ok, pensei comigo, já que tenho fama de ser detentora de uma certa teimosia*, vou usá-la de maneira positiva e vou tirar de letra esse tal de Global Positioning System.
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Hoje foi meu quinto dia de convívio com o “coiso” e depois de me surpreender, várias vezes durante a semana, dizendo: “cala a boca que a minha rota é muito melhor”, “não vai recalcular a rota coisa nenhuma que eu não preciso”, “imagina... claro que não viro à esquerda, em frente é muito mais rápido”, acho até que vou ter um ótimo companheiro de viagem, na minha próxima ida a São Paulo.

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