SABOR DE MABOQUE - NDAPANDULA MAMA ÁFRICA

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domingo, 13 de março de 2011

Contando você acredita?


Campinas sempre foi uma cidade de clima ameno e quando nela fui acolhida há 36 anos, jamais imaginei um dia sentir necessidade de ter aparelhos de ar condicionado espalhados pela casa e pelo ambiente de trabalho.

O calor que a cada verão vem ficando mais insuportável, levou a mim e minha irmã e sócia, a começar a esburacar as paredes de nossa empresa e instalar aparelhos de ar condicionado, há cerca de três anos atrás.
Começamos pela área comercial, não só pela importância de dar todo o conforto que o cliente merece, mas também porque na área da produção tínhamos problemas de várias ordens que nos emperrava a tomada de decisão e assim, outro inverno chegava e a discussão esfriava junto com a queda de temperatura da estação que começava.
Este verão decidimos que não mais terminaria sem o ar devidamente instalado e refrigerando a área de onde afinal sai o produto que chega em coleções e mais coleções de roupas às mãos do consumidor.
Chamamos vendedores de várias espécies de aparelhos, dos tradicionais aos ecológicos, dos potentes aos mais suaves, dos fixos aos portáteis, dos barulhentos aos silenciosos e dos que só podiam ser instalados tendo que pedir permissão aos vizinhos aos que eles nem saberiam que já nos deliciávamos com o frescor que sopravam.
Decidimos por um modelo mais caro, mas ecologicamente correto para o planeta e para o nosso bolso, consumindo até 15 vezes menos energia que os aparelhos convencionais e reduzindo a temperatura em até 10ºC de maneira saudável, com instalação sobre uma prateleira interna e limpeza frontal para não incomodar nossos estimados vizinhos que há anos atrás nos concederam através de um abaixo assinado a permissão para o alvará de funcionamento, apesar de estarmos num bairro residencial. Outro importante item que nos levou a decidir por este modelo foi a preocupação com nossos colaboradores, pois a promessa é de um ar de excelente qualidade, dado que trabalha sem recirculação de ar e daí a necessidade de mantê-lo em frente a uma janela constantemente aberta, evitando a famosa “síndrome dos edifícios doentes”, sendo dimensionado para renovar completamente o ar a cada 1 a 4 minutos.
Para não nos restar qualquer sombra de duvida a atenciosa vendedora, propôs que aceitássemos um modelo menor e portátil, em consignação por dois meses, para que pudéssemos atestar a eficiência do que ela apregoava. Assim foi feito desde dezembro do ano passado, prazo esse prolongado, dado que ao aquecimento global se somou o da economia brasileira e o consequente aumento das vendas fez com que a amostra ficasse por mais de três meses em funcionamento, descortinando apenas bons presságios para a nossa aquisição.
Decidido o modelo veio a preparação para a instalação. Prateleira com medidas e robustez capaz de suportar um bloco de 1,05X0,85X0,90 e 60kg , caixa de água privativa com 100l , fiação elétrica de espessura correta...etc...etc...etc. Tudo hábil e primorosamente providenciado por meu pai, um auto didata, mestrado e doutorado pelas carências de uma África dos anos 50, onde tudo fez pelo seu conforto, até uma micro hidroelétrica no riacho que corria atrás de sua casa no coração  de Angola.
Cada detalhe ficou previamente impecável à espera da entrega do ansiado aparelho, antes que as águas de março fechassem o verão e nós não mantivéssemos a promessa de tê-lo em funcionamento antes do termino da estação e foi com rapidez que respondemos pelo telefone no ultimo dia 08 de Março que sim, podiam fazer imediatamente a entrega, porque todos e tudo estava pronto à espera DELE!
Esta história já vai longa para o curto fim e fará talvez com que meus amigos brasileiros, lotem minha caixa de mensagens eletrônica com as piadas costumeiras, relacionadas à minha identidade lusitana.
Meus caros, tenho a dizer antes de mais nada, que não me incomodarei se adicionarem a minha, à lenda que me contam frequentemente de que há um grande trator enterrado embaixo do gramado, no estádio da Associação Portuguesa de Desportos em São Paulo, porque depois do estádio pronto não tinham como tirá-lo, pois foi a primeira coisa de que me lembrei quando ainda incrédula olhava para aquele bloco quadrilátero meticulosamente protegido por plástico grosso deixando transparecer o conteúdo e em nada engrossando as suas dimensões, que jazia em frente à porta de entrada do salão onde seria instalado, com os dois homens que o carregaram até ali, coçando a cabeça e bailando com o olhar entre a porta e o aparelho, sem coragem para me dizer que a porta não tinha abertura suficiente para o ar condicionado passar, por mais malabarismos e posições acrobáticas que eles já tivessem tentado.

AH...só mais uma noticia...a porta já foi desmontada, a parede quebrada, rebocada e o “santo” já está em seu pedestal, graças ao Senhor Mestre e Doutor pela Universidade da Vida, Albano Tavares!
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8 comentários:

  1. Oi Dulce
    Depois de um tempinho sem vir à net, vim ao teu blog e fiquei super feliz com o sucesso do teu livro. Parabéns e que continue sempre de vento em popa!
    Beijos
    Irene

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  2. AH...AH...AH...AH...essa foi mesmo engraçada...AH...AH...AH...AH...
    beijinhos
    Lucia Reis

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  3. Às vezes acontece, Dulce: a gente prevê tudo menos o básico, precisamente porque é demasiado básico.
    P.S.: Estava em pulgas, mas finalmente lá percebi como é que foi parar ao Brasil. O que as confusões nos aeroportos podem fazer, já viu? Gostei muito, muito de a ler. :-)))

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  4. Dulce,

    Foi realmente engraçado... Mas um grande sufoco!!!!

    Rosáro

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  5. Que bom ver você de volta aqui Irene!
    Bjs

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  6. Rir é quase sempre o melhor remédio, Lucia:))))

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  7. Luisa,
    este seu "...muito, muito..." vindo de uma leitora/escritora como você, teve um gostinho especialiassimo! OBRIGADA:)))))
    Bjs

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  8. Bota sufoco nisso Maria do Rosário!:) Mas para quem tem um pai como o meu, o sufoco tem sempre prazo de validade curtissimo.

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