SABOR DE MABOQUE - NDAPANDULA MAMA ÁFRICA

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domingo, 12 de junho de 2011

Era uma vez...II


Ir ao abrigo de crianças todas as segundas feiras está se tornando uma rotina prazerosa, mas não foi assim há três semanas quando comecei meus encontros de uma hora com Luisa (nome fictício).

Estava apreensiva e sem grande certeza de poder ser uma verdadeira e profícua colaboradora do projeto “Fazendo Minha História”.
Muitas perguntas se aglomeravam desordenadamente em minha cabeça, mas todas elas afinal se resumiam em duas grandes duvidas, pois Luisa assim como todas as outras crianças que moram no abrigo tem sempre uma história triste que as levou a morar na instituição de acolhimento.

-O que eu posso perguntar?

-O que eu posso ou devo responder?

Depois de nosso terceiro encontro e algumas reuniões com os profissionais do abrigo, estou mais calma e segura.
Aos quatro anos de idade, Luisa conduz nossos momentos.
Antes de pintar, colar, desenhar, seu pedido é sempre para que eu leia um dos muitos livros infantis do acervo do abrigo e logo percebi que o local preferido para me ouvir é invariavelmente aninhada em meu colo.
Em meio a uma das várias historinhas que ela escolheu para que eu lesse na ultima semana, fui interrompida para ouvir sua vozinha sem “erres” e escassos “esses” me contar que “a mamãe está pesa”, porque tal e qual o personagem do livro que nos entretinha, “ela (a mãe) pegou as coisa dos outro”.
Afaguei sua cabecinha e interrompi a leitura por alguns segundos de silencio, esperando que Luisa decidisse se continuávamos na ficção ou se ela gostaria de emendar com sua própria história...
*
*****
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9 comentários:

  1. Senti um nó na garganta Dulce.
    Beijo
    Irene

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  2. Sou Rose Mary Pimentel,Professora de português
    do Colégio Rio Branco, estamos finalizando a leitura de seu livro, esperando a sua presença no dia 17 de junho. Estou muito feliz com o envolvimento dos alunos com os seus relatos em "Sabor de Maboque".O que você postou hoje,
    sobre o abrigo, dá um aperto no coração, mas ao mesmo tempo há esperança para essas crianças, quando existem pessoas como você cuidando delas. Beijos. Até Breve.

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  3. Estou com alguma dificuldade em postar comentários na sua caixa.Vamos ver se dá.

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  4. São sempre situações em que estamos constrangidos!

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  5. «Esquecer uma mulher inteligente custa um número incalculável de mulheres estúpidas.»

    António Lobo Antunes

    «Esquecer uma mulher inteligente e sensível é a chamada missão impossível»

    NR

    Será? :)*

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  6. Os meninos são tão ingénuos e os adultos fazem deles gente grande antes do tempo. Felizmente existem lugares e pessoas onde eles aprendem a ser criança outra vez.

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  7. Dulce,
    que história tão triste mas descrita de uma maneira comovente. Obrigado Luisa...
    Beijo

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  8. Dulce, se eu fizer "jorrar" o que tenho travado no peito, certamente serei deportada,desta vez nem sei pra onde... e "aqui" nem é lugar para isso. Portanto, quero só desejar muita força, muito equilíbrio físico e psicológico para pessoas como você, em missão como essa!
    Beijo,
    filipa

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  9. Mais uma història que traz um aperto ao coração como tanta outras de crianças que têm a infância marcada pelos desatinos dos adultos!
    Queira Deus que esses momentos que passas com ela e o laço que vão tecendo a ajudem a crescer mais forte e a livrem das ciladas da vida...!
    1 beijo para ti e outro para a Luisinha!

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