(foto tirada hoje)
Odeio arrumar papeis.
Vou adiando, adiando, adiando, mas chega uma hora que ou
eles ou eu, porque ambos não podemos ocupar o mesmo espaço, como reza uma das
incontestáveis leis da Física .
Hoje aproveitando a terça feira preguiçosa de carnaval, arregacei as mangas e prometi dedicar-me à tarefa, que venho empurrando com a barriga há mais de 4 anos.
É isso mesmo, QUATRO anos, que eu não selecionava, arquivava, rasgava, etc.
Hoje aproveitando a terça feira preguiçosa de carnaval, arregacei as mangas e prometi dedicar-me à tarefa, que venho empurrando com a barriga há mais de 4 anos.
É isso mesmo, QUATRO anos, que eu não selecionava, arquivava, rasgava, etc.
Havia escritos, rabiscos, alguns puro lixo, outros anotações
que guardei com prazer, mas que daqui a pouco podem ter até o mesmo fim e em
meio a papeis e mais papeis, achei algo que me tocou.
Quando comecei a escrever o Sabor de Maboque, num processo
de verdadeira aspersão compulsiva, gavetinhas e mais gavetinhas de minha
memória foram abrindo de forma desordenada seja cronologicamente, seja pelo
grau de relevância que a seu tempo atribui aos fatos.
Como o processo de abertura era involuntário, ocorrendo em horas que muitas vezes estava longe do computador, um fiel companheiro acompanhou-me na bolsa durante este período, um bloco de anotações.
Incontáveis vezes em filas de espera ou parada dentro do carro no semáforo, puxei por aquele conjunto de folhas e pela caneta e rabisquei alguma imagem, um aroma, muitos sabores e variadíssimos sons que eclodiam do vulcão que entrara em frenética atividade dentro de mim.
Como o processo de abertura era involuntário, ocorrendo em horas que muitas vezes estava longe do computador, um fiel companheiro acompanhou-me na bolsa durante este período, um bloco de anotações.
Incontáveis vezes em filas de espera ou parada dentro do carro no semáforo, puxei por aquele conjunto de folhas e pela caneta e rabisquei alguma imagem, um aroma, muitos sabores e variadíssimos sons que eclodiam do vulcão que entrara em frenética atividade dentro de mim.
À noite, sozinha e no mais absoluto silencio externo, sim porque o interno era um turbilhão sinfônico, lia as anotações e com as mãos em frenesim sobre o teclado, aspergia para a máquina um lava incandescente , que muitas vezes mal lia porque as lágrimas não permitiam, doía, mas ao final de cada sessão me apaziguava.
Pedacinho a pedacinho, sentia-me sendo resgatada, catarseada,
libertada...
Hoje achei todos esses bilhetinhos que escrevi pra mim. Pequenos pedaços de papel repletos de memória e emoção.
Hoje achei todos esses bilhetinhos que escrevi pra mim. Pequenos pedaços de papel repletos de memória e emoção.
Sabor de Maboque acabou virando livro e sendo publicado, já está
na quarta edição brasileira, na primeira portuguesa, breve sairá a primeira em
francês, laureou-me com o Diploma do Mérito
Literário da Câmara Municipal de Campinas , tem-me proporcionado encontros* e
reencontros* fantásticos, velhos e novos
amigos, foi aprovado pela Lei Rouanet do Ministério da Cultura no Brasil, está
sendo adotado por escolas, virou tema de trabalhos universitários, assunto de muitas
palestras, foi à televisão e rádio brasileiros e portugueses, entre outras
bibliotecas é um dos 1.300.000 exemplares da Biblioteca de Vancouver e faz
parte do acervo do Centro IberioAmericano de Berlim.
Tudo isto não constava do script de nenhum dos meus melhores
sonhos como comprova o posfácio que figura na ultima página do bloco:
" Hoje vou mandar uma sinopse para a editora. Estou me sentindo como se estivesse entrando numa daquelas odiosas provas de português da adolescência e o pior é que a cada releitura, acho mais e mais erros...um misto de receio, pudor e timidez...masoquista...é isso que eu sou....
MA SO QUIS TA!"
" Hoje vou mandar uma sinopse para a editora. Estou me sentindo como se estivesse entrando numa daquelas odiosas provas de português da adolescência e o pior é que a cada releitura, acho mais e mais erros...um misto de receio, pudor e timidez...masoquista...é isso que eu sou....
MA SO QUIS TA!"