Se mantivéssemos sempre viva e antenada a criança que há em
nós, viver seria sem duvida muito mais pragmático e sobejaria esse tal precioso
senhor tempo, para nos divertirmos mais.
Há poucos dias atrás, num almoço entre amigos a mãe sentada comigo à mesa,
diz à filha de 4 anos que ao seu lado de pé, com o narizinho mal alcançando a
altura da mesa, mastigava um suculento pedacinho de picanha, enquanto
afoitamente contava algo divertido de sua rotina diária:
-Cecilia minha filha, não se pode falar com a boca cheia de
comida.
Cecila não teve duvida.
Numa fração de segundo, obedientemente, enfiou dois dedinhos
na boca, tirou o pedacinho de carne, terminou de contar a história com a
cavidade bucal devidamente vazia como sua mãe acabara de ensinar e em seguida devolveu
o alimento à boca, voltando ao processo de mastigação, com o fundo sonoro das
gargalhadas de todas as mulheres da mesa.
É a lógica infantil, simples assim, nós adultos é que
gostamos de complicar tudo.