Monólogo da Cria III

Como prometi, aqui estou para lhe contar o resto de meu dia mágico. Já é passado, mas ainda sinto o efeito de tanta emoção acariciando-me intensamente a alma. Como lhe disse, entrei no carro buscando privacidade para me refazer da enxurrada que brotava de meus olhos, pois era ainda começo da tarde e meu dia de trabalho devia continuar com alguns compromissos que não poderiam ser adiados. Depois de colocar em prática preciosos ensinamentos de minha querida professora de yoga, senti-me apta a dirigir o carro até Joaquim Egidio. O tempo estava fechando e as nuvens negras, somadas às rajadas de vento forte, vaticinavam uma tempestade tropical assustadora, que me fazia temer o trecho estreito, sinuoso e muito arborizado da estrada entre Sousas e meu destino. Já embaixo de pingos de chuva grossos e alguns raios que iluminavam o breu que se tornou aquele meio de tarde, consegui atender meus compromissos, mas quando me preparava para voltar a Campinas, o céu parecia desabar liquefeito e não dava para enxergar mais do que meio palmo à frente do nariz. O bom senso aconselhou-me a parar o carro e esperar. Quinze minutos depois, ao perceber que a chuva abrandara, aproximei o rosto do pára-brisa para espiar o céu e veja o que havia de presente para mim na árvore embaixo da qual havia estacionado:

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